A educação executiva deve estimular a diversidade’, diz reitor da HEC Paris

“A educação executiva mudou. Hoje, não se trata mais de um programa com duração definida, e sim de um aprendizado para a vida inteira.” A declaração é do canadense Peter Todd, reitor da escola francesa de negócios HEC Paris, uma das mais prestigiadas do mundo. De passagem pelo Brasil para o evento Global Network for Advanced Management, ele falou com exclusividade a Época NEGÓCIOS.  

À frente da escola de negócios desde 2015, Todd explicou suas estratégias para manter a HEC entre as melhores instituições de educação executiva da Europa – eleita como a segunda melhor do continente por três anos seguidos no ranking do jornal Financial Times.

Segundo ele, o segredo está na customização dos programas de ensino, para atender às necessidades específicas de cada empresa – muitas vezes ligadas à transformação digital. “Hoje temos 4.500 estudantes na graduação, 300 estudantes no MBA, e 8 mil em cursos variados, ligados à educação executiva.” Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Nos últimos anos, o universo dos negócios passou por transformações radicais. Como isso afetou as escolas de negócios?
O conceito de educação executiva mudou. Hoje, não se trata mais de um programa com tempo de duração definido, e sim de um aprendizado para a vida inteira. Sentimos que precisamos orientar os estudantes para um futuro incerto, no qual não sabemos o que estará acontecendo com a tecnologia, como as economias vão se transformar, quais serão as próximas disrupções. Temos que prepará-los para o fato de que eles vão ter que aprender continuamente, enquanto se movimentam em suas carreiras. E, ao mesmo tempo, percebemos que temos que oferecer algo imediato para as empresas. As companhias demandam cursos rápidos, com objetivos bem práticos. Então temos um desafio duplo: desenvolver estudantes para se adaptar a um futuro distante e incerto, ao mesmo tempo que ensinamos um conteúdo que vai ser relevante agora mesmo.

A demanda também mudou?
Sim, mudou muito. Houve um crescimento forte de procura por cursos mais variados, ligados à inovação e ao empreendedorismo. Não é uma demanda só de empreendedores, mas de companhias, que querem seus executivos mais empreendedores. Também há uma procura por cursos de responsabilidade social corporativa, especialmente entre os mais jovens. Estamos criando um programa em cima disso chamado Liderança com Propósito. Outra área em alta é a transformação digital: as companhias querem cursos para ajudá-las no processo. Mas a maior demanda mesmo é por programas customizados.

Esse é um pedido que vêm das grandes empresas?
Sim. Dos 65 milhões de euros que faturamos com educação executiva, cerca de 25% vêm dos programas customizados. Três anos atrás, por exemplo, criamos um programa de liderança exclusivo para os 100 principais executivos da Porsche, que estava lidando com a transformação digital em seus negócios. Agora estamos fazendo um trabalho similar com vários braços da Volkswagen. Então, é verdade que muitas companhias ainda querem mandar seus executivos para programas tradicionais. Mas a maioria delas está procurando cursos específicos, que preparem os executivos para uma estratégia de liderança voltada à transformação. Eles querem atividades customizadas, que vão tirar seu líderes sêniores da zona de conforto. Então temos aulas inovadoras com experiências diferentes, como ir para a floresta, por exemplo. A proposta é ajudar as pessoas a apertar o botão de reset e mudar seu jeito de pensar.

Como vocês lidam com a questão da transformação digital?
Trabalhamos com o tema em dois níveis. Um é no conteúdo. Lançamos um masters degree em Ciência de Dados há dois anos, em resposta à necessidade do mercado. Para fazermos isso, estabelecemos uma parceria com a École Politecnique, escola de engenharia de Paris. Nesse tipo de curso, nosso objetivo principal não é ensinar tecnologia, mas sim ensinar as pessoas a criar valor a partir da tecnologia. O outro nível é o uso de canais digitais para transmitir nossos conteúdos. Nossos clientes corporativos cada vez mais vão exigir componentes digitais online. Recentemente iniciamos um masters em Empreendedorismo Inovador que é ministrado online. Estamos apenas começando.

Nesse contexto, o MBA ainda é relevante? Ainda há gente disposta a pagar preços altos e passar anos estudando em um curso desse tipo?
De maneira geral, o mercado global de MBA está relativamente estagnado, chegando até mesmo a apresentar um ligeiro declínio. Mas, na HEC, a procura pelo MBA aumentou significativamente nos últimos anos. Fomos de 220 estudantes por ano para 300 por ano. O que mudou foi o objetivo desses estudantes. Há dez anos, o MBA era totalmente voltado para a carreira corporativa: eram pessoas que tinham background técnico e queriam ir para a área de gerência. Hoje, muitos cursam o MBA com o objetivo de mudar de área, ou mesmo de deixar a carreira executiva e empreender. Trata-se de uma mudança importante. Seja qual for o objetivo, acredito que os programas de MBA ainda oferecem muito valor, tanto para os estudantes, tanto para quem está recrutando.

Apenas 50% dos estudantes são franceses. Essa diversidade faz parte da proposta da HEC Paris?
Sim. Recebemos estudantes e executivos de 110 países diferentes, incluindo 35 brasileiros. Acho que nunca foi tão importante estimular o entendimento entre as diversas nacionalidades, e acredito que podemos ter uma pequena parte nisso. É preciso fazer as pessoas entenderem os benefícios de um mundo em constante colaboração, sem fronteiras ou discriminação. Trabalhamos melhor juntos do que separados. Acho que essa não é uma mensagem tão difícil de entender.

Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2019/09/educacao-executiva-deve-estimular-diversidade-diz-reitor-da-hec-paris.html

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