“A essência do Sutra do Lótus, se quisermos falar de modo muito curto, é falar dos meios hábeis. O Bodisatva fala de acordo com a mente dos alunos e eles, por sua vez, entendem de acordo com suas mentes. Assim o mundo completamente puro é visto como samsara e o Buda surge dentro dos mundos delusivos que os seres vêem como tal, falando a linguagem necessária para eles. Ainda que o Buda fale tudo completamente claro, o nosso caminho é mais lento ou mais rápido na dependência de nossa própria visão. Então é maravilhoso que estejamos contemplando esses ensinamentos que criam a mandala, a visão dentro da qual faz sentido nós praticarmos. Nós, de acordo com a posição da nossa mente entendemos melhor ou pior. Com nossas teimosias, nossas fixações de identidade, nossas exclusões, nossas dificuldades, ouvimos os ensinamentos com isso. Nós desperdiçamos, não conseguimos ver. Portanto, esse ambiente amplo é necessário.

     Aqui, quando começamos a estudar o Maravilhoso Darma do Sutra do Lótus, vamos encontrar justamente o Buda abrindo essa grande assembleia. Dentro dessa grande assembleia nós vamos encontrar diferentes Budas, diferentes mestres, dando ensinamentos para diferentes grupos de seres no universo inteiro. O Sutra do Lótus é muito importante, porque ele estabelece a mandala. Nós passamos a nos ver dentro da mandala. Passamos a existir dentro da mandala e não propriamente dentro do samsara. Quando ouvimos os ensinamentos dentro da naturalidade do samsara onde usualmente nós nos sentimos com as nossas identidades, com a nossa carteira de identidade, com o nosso currículo, com as nossas aspirações de realização, vitórias e derrotas, nós estamos com problemas. Então nós precisamos estabelecer isso. Quando a gente abre a grande mandala, todos os ensinamentos ganham sentido, porque a questão maior é como que nós saímos de nossas vidas comuns e passamos a olhar nossas vidas a partir do darma. Essa é uma grande transição. A partir disso os ensinamentos começam a funcionar.

     O CEBB tem essa missão, nutrir de acordo com as necessidades e dialogar onde as pessoas estejam, no momento que as pessoas estão, que é a essência do Sutra do Lótus. Mahayana significa Grande Caminho, e Grande Caminho é a grande mandala. Nós temos é que abrir o lótus que acolhe os seres. Quanto mais pétalas tiver esse lótus, melhor. Esse é o desafio.”